DIARRÉIA

diarréia

Diarréia é a eliminação freqüente das fezes, que podem ter características semi-sólidas ou líquidas. É um desequilíbrio entre a absorção e secreção de fluidos, podendo ser causada por alguns quimioterápicos, por radioterapia dirigida à pelve, pela própria evolução da doença, por uso de suplementos alimentares, por infecções, por estresse e ansiedade.

Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia destroem a mucosa intestinal, levando a descamação celular, irritação, alterações de motilidade e conseqüente diarréia.

É um dos sintomas que afetam negativamente a qualidade de vida do paciente e seus cuidadores, pois além de ser um fator debilitante que os priva de atividades sociais e rotineiras, ainda gera insegurança e ansiedade quanto ao momento e freqüência com que os episódios de evacuação vão ocorrer. O paciente só se sente seguro em ambientes fechados, onde sabe haver um banheiro disponível, com acesso fácil e rápido. Além disso, pode apresentar alterações nutricionais, fadiga, desconforto, prejuízo da auto-imagem, alterações do sono devido à presença de dores e cólicas abdominais ou decorrentes de graves irritações de mucosa perianal.

De acordo com a intensidade, as diarréias podem ser divididas em quatro graus:

GRAU 1 – menos de quatro evacuações diarréicas em 24 horas.

GRAU 2 – de quatro a seis evacuações diarréicas em 24horas.

GRAU 3 – Sete ou mais evacuações em 24horas ou incontinência fecal ou necessidade de aplicar soro na veia para corrigir a desidratação.

GRAU 4 – Forma grave com queda de pressão e necessidade de internação em unidade de terapia intensiva.

A diarréia também pode ser classificada como:

AGUDA – com duração entre 7 a 14 dias causada geralmente por infecção, medicações ou toxinas.

CRÔNICA – persiste por mais de 14 dias e requer identificação da causa para tratamento efetivo.

REFRATÁRIA – Não responde às intervenções padrão e outras intervenções.

Algumas medicações são utilizadas para controle da diarréia como:

  • Loperamida (Imosec, Diasec): diminui a ação muscular do intestino, conseqüentemente a motilidade, oferecendo tempo para a absorção de fluidos e eletrólitos.

Dose recomendada: Adultos – iniciar com 2cp de 2mg, tomando 1cp de 2mg após cada evacuação diarréica, até no máximo 16mg/dia. Crianças – 1cp de 2mg após cada evacuação até no máximo 6mg por dia.

  • Floratil AT (Saccharomyces boulardii): está indicado na prevenção da diarréia causada por antibióticos e como auxiliar no tratamento da diarréia causada pelo micróbio Clostridium difficile, em decorrência do uso de antibióticos e quimioterápicos. Também é recomendado como auxiliar na restauração da flora intestinal.

Dose recomendada: 1 a 2 envelopes de 250mg de 12/12horas por 3 a 5 dias.

  • Florax (Saccharomyces cerevisiae): indicado para restaurar a flora intestinal

Dose recomendada: 1 flaconete de 12/12horas, sendo indicado flaconetes de 100milhões para adultos e 50 milhões para crianças, por 3 dias.

DICAS PARA O CONTROLE DA DIARRÉIA

O que fazer:

  • Anotar a freqüência, aspecto, intensidade, presença de sangue, presença de cólicas, uso de medicamentos ou suplementos alimentares e outras alterações que ocorram no período de 24horas.
  • Ingerir o máximo de líquido diariamente, como água, água de coco, suco de frutas, chás descafeinados.
  • Ingerir alimentos ricos em potássio e pobres em fibras como pão branco, torradas, batatas, arroz, gelatina, maçã, goiaba, banana, vegetais, carnes e peixes, de preferência cozidos; peru e frango sem pele.
  • Ingerir alimentos probióticos como iogurtes.
  • Dar preferência a alimentos mornos.
  • Faça pequenas refeições a cada duas a três horas.
  • Avaliar a pele da região perianal.
  • Após cada evacuação lavar a região anal com água morna e sabão neutro, secar bem e aplicar hidratante sem álcool e sem perfume.

O que evitar:

  • Leite e derivados, inclusive suplementos à base de leite.
  • Alimentos ricos em açúcar (como chocolates).
  • Alimentos condimentados, apimentados, ricos em fibras (como frutas e verduras cruas), frutas secas, nozes, pipoca, fritos ou gordurosos.
  • Café, chá preto e outros que contenham cafeína.
  • Alimentos irritantes, como aqueles que contêm álcool.
  • Alimentos embutidos como salsicha, bacon.

Procurar o médico em caso de:

  • Febre
  • Sede excessiva
  • Vertigens, fraqueza
  • Palpitações, taquicardia
  • Evacuações com sangue (inclusive evacuações com fezes escurecidas)
  • Sintomas de desidratação
  • Sintomas de hipotensão (queda de pressão)
  • Diarréia refratária ao tratamento.

O tratamento da diarréia depende da sua causa, mas a conduta inicial geralmente consiste na reposição de fluidos e eletrólitos, com estímulo para aumento da ingesta hídrica e modificação da dieta. Além de cuidados com a pele da região perianal, a fim de evitar complicações como fissuras, abscessos, infecção, irritação e dor. Recomenda-se ainda higienizar a região com água morna e sabão neutro após cada evacuação, manter a área seca e utilizar-se de cremes tópicos repelentes a água, a fim de manter a área hidratada, prevenindo desconforto e irritação.

Em caso de diarréia persistente ou intensa, avise seu médico. No ciclo seguinte, as doses dos medicamentos oncológicos poderão ser reduzidas, ou ainda, medicamentos preventivos de diarréia utilizados para prevenir complicações como a desidratação e internações.

Renata Mattos
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (Unesp) desde 2006. Voluntária em projetos sociais de apoio ao paciente com câncer. Enfermeira-chefe do Instituto de Oncologia de Mogi das Cruzes-SP de 2009 a 2019. Atuou como docente de Enfermagem na Universidade de Mogi das Cruzes e hoje dedica-se a projetos pessoais no auxílio ao paciente com câncer e seus familiares com o auxílio de terapias holísticas e integrativas como aromaterapia e ayurveda.
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