CONSTIPAÇÃO

constipação-intestinal-720x399

A constipação, ou mais comumente conhecida, prisão de ventre é um movimento lento do bolo fecal através do intestino que resulta na formação de fezes pequenas, secas e endurecidas, causando desconforto, dor, difícil eliminação, pois não ocorrem contrações no intestino e o bolo fecal não evolui. Para ser considerada constipação, a frequência deve ser inferior a três vezes na semana.

É mais comum no sexo feminino devido à menor taxa de trânsito intestinal e em idosos pela diminuição do tônus da musculatura, presença de doenças crônicas, debilidade e uso de medicações.

No caso específico do paciente oncológico, a microflora normal do intestino sofre alterações devido a própria doença. Além disso, a constipação  pode ocorrer pela diminuição da ingesta de líquidos, diminuição da motilidade, obstrução, neuropatia, aumento da reabsorção, super tratamento da diarréia, uso de drogas como antieméticos, analgésicos, e até os quimioterápicos, e redução de atividade física.

Não há um número de evacuações padrão para todos os indivíduos, variando a frequência de acordo com fatores individuais, tipo atividades físicas , tipo de alimentação, inadequada ingesta de fibras e líquidos, uso de medicamentos, entre outros. O perfil normal varia entre três vezes ao dia até três vezes na semana.

Quando a evacuação é incompleta por um longo período, pode ocorrer obstrução parcial ou total do intestino. As fezes acumuladas se desidratam, aumentando cada vez mais a sua consistência, o que leva a impactação das fezes, ou fecaloma.

Esse quadro de fecaloma leva à distensão abdominal, cólica, parada de eliminação de gases e de fezes, alterações circulatórias, cardíacas e respiratórias apresentando risco à vida. Portadores de colostomia apresentam risco aumentado, e caso não haja no mínimo uma evacuação ao dia, deve-se investigar a causa.

A obstrução intestinal, com oclusão total ou parcial, pode ocorrer também, além dos fecalomas, devido a doença localmente avançada ou metástases, aderências pós operatórias, hérnia, estrangulamento de alça intestinal. Por isso é muito importante identificar a causa da constipação, e se ela está levando à obstrução intestinal para que medidas corretivas sejam realizadas para o alívio dos sintomas e a prevenção de complicações.

Algumas complicações podem ocorrer em consequência da constipação não tratada, como hemorróidas, fissuras anais, podendo evoluir para abscessos (processos infecciosos).

Para a escolha do tratamento adequado é necessário verificar o grau de toxicidade em que o paciente se encontra.

GRAU 1: Sintomas transitórios. Requer uso ocasional de laxante, enema (lavagem) ou modificação da dieta.

GRAU 2: Sintomas persistentes. Requer uso regular de laxante ou enema.

GRAU 3: Requer auxílio manual para a evacuação, interferindo nas atividades diárias.

GRAU 4: Obstrução com risco de vida.

Atualmente há várias categorias de drogas laxantes para prevenir e tratar a constipação. Os laxantes são aconselháveis como tratamento inicial, mas várias mudanças devem ser associadas para a prevenção. Os tipos mais usados são:

  • Laxantes estimulantes ou irritantes: estimulam contrações no intestino, aumentando a motilidade e diminuindo a reabsorção de fluidos. Sua ação é rápida, cerca de 6 a 8 horas, porém causam irritação na parede do intestino. Os mais usados são: bisacodil (Lacto Purga), óleo de rícino, extratos vegetais de sene, cáscara-sagrada).
  • Laxantes formadores de massa (fibras vegetais): são fibras que aumentam o tamanho das fezes e sua capacidade de absorção de água, formando um gel que mantém as fezes macias e hidratadas. Têm ação mais lenta, às vezes, demoram dias para o início da ação. E sempre devem ser tomados conjuntamente com água para evitar a impactação fecal. São eles: Tamarine, Metamucil.
  • Laxantes osmóticos: agem na retenção de líquidos no intestino, deixando as fezes mais macias e hidratadas. Podem causar aumento de flatulência, cólica, mas tem efeito rápido, cerca de 3 horas, aproximadamente. Os mais usados são sais de magnésio, lactulona e a glicerina.
  • Laxantes lubrificantes: têm a função revestir as fezes com uma película gordurosa, diminuindo a absorção de água, facilitando a evacuação. Podem provocar irritação anal e seu uso a longo prazo pode prejudicar a absorção de vitaminas A, D, E e K. São eles: óleo mineral ou vaselina líquida.

É importante, além do uso dos laxantes, incentivar a ingestão de líquido em abundância, de preferência longe das refeições, somando um total diário de aproximadamente 2 litros. Uma dica que auxilia muito no funcionamento do intestino é o consumo de bebida morna ou quente.

Cuidados com a dieta também são importantes, com ingestão de alimentos ricos em fibras como ameixa, caqui, figo, laranja com bagaço, mamão e pêra. E evitando alimentos condimentados, em conserva, enlatados e que contêm farinha.

O estímulo à atividade física conforme tolerado também é uma estratégia, assim como, estabelecer um horário determinado para evacuar para se criar uma rotina intestinal, e caso haja necessidade fora do horário habitual é importante atendê-la de imediato.

Na presença de febre acima de 38°C, retenção urinária, sangramentos, fezes escuras ou com presença de sangue, dor abdominal, lábios e boca seca, constipação acompanhada de náuseas e vômitos deve-se procurar o médico.

É importante tratar a constipação corretamente. O não tratamento da prisão de ventre pode causar danos internos ao intestino, desidratação ou obstrução intestinal.

Fique ligado!

Renata Mattos
Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho (Unesp) desde 2006. Voluntária em projetos sociais de apoio ao paciente com câncer. Enfermeira-chefe do Instituto de Oncologia de Mogi das Cruzes-SP de 2009 a 2019. Atuou como docente de Enfermagem na Universidade de Mogi das Cruzes e hoje dedica-se a projetos pessoais no auxílio ao paciente com câncer e seus familiares com o auxílio de terapias holísticas e integrativas como aromaterapia e ayurveda.
Ir para o topo